- 04 Jul 2023
Queda ou ascensão: o que esperar da economia no 2º semestre 2023?
À medida que o segundo semestre se aproxima, intensificam-se as discussões em torno do cenário econômico e das expectativas e incertezas que o acompanham. Diante desse debate, surge a grande questão para as empresas: o cenário é de crescimento ou recessão.
Foi em torno dessa temática que a Monkey realizou, na terça-feira, 27 de junho, o webinar "Queda ou ascensão: o que esperar do 2º semestre de 2023?". Conduzido pelo CFO da Monkey, Calil Gedeon, o evento contou com a presença da economista da Kinea, Daniela Lima, o Diretor de Finanças e Compliance da Belgo Arames, Nilton Sales, e a CFO da TransUnion Brasil, Laura Almeida Cerdeira. Confira a seleção dos tópicos mais importantes extraídos do debate.
1. Contextualização da economia: como chegamos aqui?
Para a economista da Kinea, Daniela Lima, nos últimos 3 anos, os economistas vêm se surpreendendo positivamente com os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A resiliência econômica chama atenção por estarmos vivendo um dos maiores apertos de juros da história recente do país, restando entender como os juros não levaram o PIB do Brasil para baixo.
Em sua visão, a combinação de três vetores da economia justifica sua resiliência até aqui: a reabertura mais forte do que era esperado no pós-pandemia em 2021, os impulsos fiscais e o PIB do agronegócio.
Daniela Lima, ainda diz, que o PIB do agronegócio virou renda para o resto da economia. Isso porque, em 2021, a safra foi positiva, os preços das commodities estavam em alta e o custo estava baixo, o que levou ao aumento na renda agrícola, que representa 1,5% do PIB. Em 2022, houve injeção do governo no agronegócio, o que também elevou o PIB.
Neste ano, o PIB do agronegócio também surpreendeu positivamente no primeiro trimestre com a safra positiva. No entanto, os preços agrícolas caíram e o custo dos fertilizantes aumentaram consideravelmente, devido à guerra na Ucrânia. Dessa forma, o resultado da renda agrícola visto em 2021 não se repete em 2023.
2. Economia no segundo semestre: queda ou ascensão?
Para a economista Daniela Lima, a perspectiva para o segundo semestre é de uma economia que anda de lado. Em sua visão, a economia de fato é resiliente e sempre é influenciada por uma combinação de vetores. Esses vetores que puxaram a economia para cima nos últimos trimestres não estarão mais presentes. Então, não é esperado um crescimento muito adicional dos gastos. Mas temos o crescimento dos gastos fiscais, o que ajuda a trazer a sustentação do PIB, por isso, não teremos uma recessão. No entanto, não temos mais o PIB do agronegócio e não temos mais a abertura trazendo crescimento. Além disso, temos os juros dificultando o cenário. Então, para o segundo semestre, o previsto é uma economia de lado, crescendo zero.
Diante da perspectiva de crescimento zero, destacam-se dois pontos positivos para os próximos meses: a sinalização do Banco Central de corte de juros em agosto e a possível aprovação da reforma tributária. A economista observa ainda os efeitos decorrentes de ambas na economia levarão um tempo e provavelmente serão sentidos após o segundo semestre.
Sobre o cenário internacional, Daniela Lima destaca que começamos a ver sinais de desaceleração nos países de primeiro mundo. No entanto, isso não indica recessão. Ela observa ainda, não acreditar que a desaceleração no cenário internacional signifique uma depreciação de nossa economia. O Brasil tende a sentir um pouco essa desaceleração, mas não é uma situação em que vemos a economia depreciando.
3. Economia real: O que gestores de grandes empresas como a Belgo Arames e a TransUnion Brasil têm como visão
Para Nilton Sales, Diretor de Finanças e Compliance da Belgo Arames, empresa do setor industrial, atuando na fabricação de soluções em arames. As perspectivas para a indústria também são de um crescimento próximo de zero. Nilton observa que, neste ano, não houve crescimento considerável da indústria. E que o PIB positivo do Brasil foi, em grande parte, em função do agronegócio. Portanto, para ele, o segundo semestre tende a andar de lado. "As previsões para o segundo semestre são de estabilidade, então, não é queda nem ascensão".
Para Laura Cerdeira, VP e CFO da TransUnion Brasil, empresa global de informações e insights. O crescimento no segundo semestre é positivo, mas o mercado deve crescer de forma tímida. Ela observa que o Banco Central (Bacen) prevê um crescimento de 7,6% para o mercado de crédito em 2023, o que é considerado uma visão realista, não otimista. Embora esse crescimento seja positivo, é importante notar que ele representa uma desaceleração em relação ao ano anterior. O impulsionador do crescimento de crédito são as pessoas físicas, mesmo com o juros elevado. Portanto, se houver uma redução nas taxas de juros no segundo semestre, o mercado de crédito tende a continuar crescendo, embora leve algum tempo para que esse impacto seja sentido na economia. "Eu vejo realmente com mais otimismo o segundo semestre, vai andar de lado, mas será a alavanca para 2024".
Outros pontos debatidos:
Redução da taxa de juros no Brasil
Efeito do cenário internacional no Brasil
Quais setores da economia têm mais ou menos força para o segundo semestre
Qual a importância do capital de giro no contexto de juros altos
Crédito acessível é escasso?
Quais soluções utilizar para PMEs?
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Quem são os participantes da webinar
Daniela Cunha Lima, atua como economista desde 2007. Ingressou na Kinea em 2018 e é responsável pela área de economia Brasil. Anteriormente, trabalhou no dep. Econômico do Bradesco. Possui doutorado em economia pela EESP-FGV, tendo feito parte de seu doutorado na Harvard University. Possui mestrado e graduação pela mesma instituição. Sua tese de doutorado analisa Política Monetária e transparência em ambiente de informação incompleta.
Nilton Sales Raimundo é Diretor de Finanças e Compliance da Belgo Arames, é graduado em Ciências Contábeis, com MBA em Finanças pelo IBMEC e MBA executivo pela Fundação Dom Cabral. Além de diretor da Belgo Arames é membro do Conselho fiscal da Abertta Saúde e Fundação ArcelorMittal e também do membro do Conselho administrativo da ArcelorMittal Sistemas e Diretor da CIEMG (Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais).
Laura Almeida Cerdeira é Vice-Presidente (VP) e Chief Financial Officer (CFO) da TransUnion Brasil, empresa global de informação e insights. É responsável pela área de finanças e suporta as decisões de investimento da companhia que asseguram a execução da estratégia, incluindo projetos de M&A. Trabalhou em várias empresas líderes de mercado como Telefonica Brasil e UK, Equifax, AA&co e Unilever, passando por experiência internacional. Graduada em Ciências da Computação pela UNICAMP e com MBA em Finanças pela USP, realizou vários treinamentos internacionais (Digital Marketing - Chicago Booth, Universitas Telefonica, LWE,
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