- 14 Abr 2023
Principais desafios e oportunidades para o setor automotivo no Brasil
O setor automotivo segue resiliente quanto às taxas de crescimento, no entanto, de acordo com Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), ele ainda continua refém do contexto em que o Brasil e o mundo estarão inseridos nos próximos meses, assim como aconteceu no período pandêmico.
Para entender melhor esse cenário é importante observar alguns fatores que estimulam ou não, o volume de vendas e a produção de automóveis no Brasil.
Nos últimos anos a pandemia da covid- 19 afetou o poder aquisitivo das famílias. A alta na inflação do país diminuiu o poder de compra do consumidor, afetando as vendas no mercado de automóveis novos e impulsionando o comércio de veículos usados. Esses e outros fatores, como as altas taxas de juros na concessão de crédito bancário, levaram a queda na compra de veículos, por pessoas de menor poder aquisitivo.
Dessa maneira, a perda da demanda do setor foi compensada no preço dos automóveis, que passaram a ter como foco, o consumidor com maior poder aquisitivo. Cabe observar, que com a queda da demanda e o aumento do preço, o Balanço Patrimonial das empresas pode ficar positivo, mas a capacidade produtiva da indústria não é totalmente aproveitada.
Outro fator que afetou o setor foi a crise de estoque de semicondutores, que são produtos importados e causaram a parada de diversas montadoras. A escassez desses produtos afeta a indústria de forma global, mas para a produção de um carro é possível utilizar os semicondutores na escala do milhar e a perspectiva é que nós próximos anos sejam usados em maior escala, à medida que a evolução do uso da tecnologia nos automóveis aconteça.
Apesar do cenário, observa-se uma perspectiva positiva para o ano de 2023 quanto ao comportamento do consumidor do setor. O Relatório Automotive Consumer Study 2023 realizado pela Deloitte, traz dados quanto as expectativas em relação ao tempo de entrega dos automóveis que começam a se estender, 55% dos consumidores relataram que aguardariam 3 ou mais semanas, pela entrega do seu veículo.
Apesar do cenário desafiador do mercado brasileiro, as perspectivas das empresas do setor para curto e longo prazo estão envoltas de inovações e focadas em desenvolvimento tecnológico. Acompanhar a Industria 4.0 baseando-se em automação industrial e uso de tecnologias, como, inteligência artificial e internet das coisas, representa manter a competitividade e a relevância no mercado.
O uso da tecnologia está em foco no setor automotivo, desde o processo de produção, até as tomadas de decisão, inclusive nas decisões de logística, quanto a entrega do produto ao consumidor final.
Olhando para todo o cenário separamos dois desafios, que podem ser grandes oportunidades para as empresas do setor no Brasil em 2023 e nos próximos anos.
1. Descarbonização do setor e eletrificação das frotas
No cenário mundial, visando sustentabilidade e a redução da emissão de carbono, o mercado tende a descarbonização dos automóveis. A China, por exemplo, está focada na eletrificação, sendo o país onde são vendidos a maior quantidade de veículos totalmente elétricos. Enquanto na Europa, entra em vigência em 2035 a proibição da venda de veículos a gasolina e diesel.
No contexto Brasil, a ?Lei 13.755 que ficou conhecida como “Rota 2030”, possui o projeto coordenado pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), com o objetivo de fomentar a tecnologia e o desenvolvimento sustentável no setor através do projeto “Linha V”. O foco é promover o desenvolvimento da indústria automotiva, levar um menor custo do automóvel para o consumidor e reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Essas e outras iniciativas buscam também atingir a meta brasileira de neutralizar o carbono.
Na perspectiva da indústria brasileira, ainda se discute se o caminho a ser seguido para alcançar esse objetivo será investir em automóveis totalmente elétricos ou focar nos modelos híbridos. Neste sentido, dois pontos são analisados: a tendência mundial para a eletrificação e a capacidade produtiva do Brasil em biocombustíveis.
Espera-se que no Brasil, o uso de carros a combustão seja gradativamente alternado tanto por automóveis com motor totalmente elétricos quanto por híbridos elétricos, movidos a biocombustíveis e célula de combustível.
Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), 119 modelos de veículos leves eletrificados são comercializados hoje no Brasil, e as vendas aumentaram no ano passado 43,4% em relação ao ano anterior, o que significa maior aceitação do modelo por parte dos consumidores brasileiros. A região sudeste possuiu 50% dos veículos elétricos emplacados em 2022 e a cidade de São Paulo 32,6% do total de emplacamentos do ano (dados de janeiro a novembro/2022).
Ainda segundo a associação, a venda de veículos leves elétricos híbridos flex (HEV) teve aumento de 52,25% em novembro de 2022, comparado ao mesmo mês do ano anterior. Enquanto a venda de veículos leves HEV a gasolina retraiu 4,55%.
Em uma análise da perspectiva do consumidor brasileiro para esse mercado, o estudo Global Automotive Consumer Study 2023, realizado pela Deloitte, traz dados da intenção de compra do próximo veículo relacionado ao tipo de motor:
Fonte: Deloitte, adaptado, foi feito o uso de arredondamento
Segundo o mesmo Estudo, as principais motivações do brasileiro ao alternar para veículos elétricos e/ou híbridos elétricos são respectivamente: custo do combustível mais baixos, melhor experiência de condução e preocupação com as mudanças climáticas.
Ainda é observado que um dos desafios para a eletrificação no Brasil está em facilitar o carregamento do automóvel. Visto que do total de respondentes, 77% esperam carregar seu veículo em casa, mas a maioria deles (55%) consideram o custo de instalação um impeditivo.
Entre as alternativas para efetuar o carregamento em locais públicos, 24% dos consumidores esperam carregar seu veículo em uma estação de serviço EV dedicada, 20% buscam carregar em um posto de gasolina comum, enquanto 25% têm expectativa de carregamento em qualquer local.
Observa-se ainda que 44% dos consumidores repensariam a compra caso estivesse disponível um combustível sintético e ambientalmente sustentável para uso em motores de combustão tradicionais. O que mostra que segue sendo um desafio definir o caminha para a descarbonização no Brasil.
2. Mobilidade e Conectividade
Segundo o Relatório EPM 2030 da SBD Automotive, mais de 95% dos carros novos, no contexto mundial, possuirão conectividade interna até 2030. Isso significa integrar o mundo físico e o digital, de forma que o automóvel esteja conectado com dispositivos externos e serviços na nuvem de qualquer lugar e impulsionar com tecnologia tanto o bem-estar quanto a segurança do usuário.
Há muito tempo se discute o desenvolvimento de projetos que lidam com conectividade e mobilidade no setor automotivo e a implantação da tecnologia 5G no Brasil, no ano passado, acelerou o cenário. Hoje, a tecnologia já permite, por exemplo, que o condutor obtenha informação em tempo real sobre congestionamentos e acidentes e o monitoramento da integridade e do desempenho do carro.
No cenário Brasil a conectividade veicular também é pautada entre os projetos do “Rota 2030”, através do projeto “Linha VI”, o objetivo é estimular a produção de tecnologia voltada para a conectividade e superar desafios como mobilidade integrada, descarbonização e segurança de dados.
Segundo o estudo da Deloitte, Global Automotive Consumer Study 2023, os recursos de conectividade que os consumidores brasileiros mais se interessam, levando em consideração, a necessidade de compartilhar dados pessoais e operacionais do veículo com a fabricante, são respectivamente: atualizações de manutenção e relatórios/alertas de saúde do veículo (60%), atualizações sobre congestionamento de tráfego e rotas alternativas sugeridas (58%) e atualizações para melhorar a segurança nas estradas e evitar possíveis colisões (57%).
O estudo também observa que será um desafio para as empresas do setor oferecer serviços de conectividade por meio de assinatura, visto que 46% dos consumidores preferem pagar no momento da compra e 33% preferem pagar por uso, enquanto apenas 20% dos respondentes consideram o ideal um serviço mensal de assinatura.
Mas os desafios da conectividade automotiva vão além de usar recursos tecnológicos para fomentar o uso da conectividade nos veículos, é preciso oferecer uma boa experiência para o usuário, pautada em segurança e uso de dados. Além de infraestrutura para que esses recursos possam ser utilizados em todo o território do país.
Como a Monkey se encaixa nesse cenário
Frente aos diversos desafios e oportunidades do setor automotivo é fundamental que o foco se mantenha além da evolução do produto. O setor deve manter o olhar também para toda a cadeia de suprimentos que terá que ser mais eficiente e eficaz em atender as demandas que vão surgir no cenário brasileiro.
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